Quais são as regras e cuidados para o transporte de cosméticos?
Antes de falar sobre o transporte de cosméticos, é preciso entender o cenário desse mercado no Brasil. O ramo de cosméticos é um dos mais fortes em vendas, faturamento e lucratividade.
Estima-se que fabricantes, distribuidores e comerciantes de produtos cosméticos deverão movimentar R$ 2,98 bilhões em 2025 no país. E que até 2029 a taxa de crescimento anual (CAGR) desse setor seja de 6,47%, segundo a Statista.
Neste cenário, a logística de transporte tem uma importância significativa. Ela, em grande parte, contribui para o sucesso do setor; e é bastante regulada. Principalmente no que diz respeito à segurança e qualidade.
Vamos nos aprofundar neste aspecto específico da movimentação de mercadorias cosméticas?
Continue lendo para entender em detalhes:
- o que faz do transporte de cosméticos um dos que mais exigem cuidados;
- quais são as regras legislativas que regem o transporte de produtos cosméticos no Brasil;
- quais cuidados operadores de logística de cosmético devem ter;
- e muito mais!
Por que o transporte de cosméticos exige cuidados específicos?
Há uma série de características que precisam ser consideradas na logística de cosméticos quando se trata de transportá-los. Elas têm a ver com o quanto esse tipo de mercadoria é sensível à movimentação de cargas nos mais variados modais.
Confira, a seguir, um detalhamento dos principais aspectos para se atentar:
Fragilidade das embalagens
As embalagens de cosméticos são, em geral, delicadas e suscetíveis a danos durante o transporte. Dentro disso, impactos por manuseio inadequado, ou de qualquer outra natureza, podem comprometer a integridade dos produtos.
É por isso que o uso de embalagens secundárias robustas e materiais de amortecimento que absorvam choques se faz necessário.
Além disso, é comum que se faça sinalizações nas caixas com avisos de “frágil” alertando os profissionais de logística sobre a necessidade de cuidado extra.
Vulnerabilidade a temperaturas extremas
Muitos produtos cosméticos são sensíveis a variações de temperatura: exposição ao calor ou frio excessivo altera composição e, por extensão, a eficácia, bem como a aparência.
Por isso, entre outros, os cuidados de estabilização térmica são recomendados.
Riscos de vazamento
Os vazamentos também representam um desafio significativo no transporte de cosméticos — sobretudo aqueles que são líquidos ou cremosos.
Esses vazamentos podem ocorrer devido a embalagens defeituosas, vedação inadequada ou pressões externas durante o trajeto. Logo, entre as boas práticas de logística de cosméticos está a utilização de embalagens de alta qualidade com sistemas de vedação eficientes.
Produtos de alto valor agregado
Por fim, não se pode ignorar que cosméticos frequentemente possuem alto valor de mercado, tornando-os alvos potenciais para furtos durante o transporte.
Perdas desse tipo resultam em danos financeiros significativos e podem afetar negativamente a reputação da cadeia de suprimentos envolvida: do fabricante ao distribuidor, chegando até ao ponto de venda (PDV).
Também por essas razões, a logística de cosméticos muitas vezes precisa abranger estratégias de segurança robustas. Por exemplo, rastreamento em tempo real dos veículos, rotas planejadas para evitar áreas de risco e treinamento adequado para a equipe de transporte.
Quais são as principais regras legais para o transporte de cosméticos no Brasil?
Há no sistema legislativo brasileiro algumas normativas que visam garantir a segurança do consumidor e dos agentes envolvidos na logística de cosméticos. Elas, quando não cumpridas, são passíveis de penalidades — de multas até a cassação do direito de operação.
Com isso em mente, confira agora quais são as regulamentações mais proeminentes que versam sobre o transporte de cosméticos no Brasil.
RDC 48/2013
A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 48, de 25 de outubro de 2013, emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estabelece o Regulamento Técnico de Boas Práticas de Fabricação para Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes.
Ela não trata tão diretamente o transporte de cosméticos. Contudo, estabelece requisitos relacionados à qualidade, segurança e integridade dos produtos — que impactam indiretamente as práticas logísticas.
Há um ponto mais direto a ser considerado: os materiais utilizados para o acondicionamento do produto final. Segundo a resolução, eles “podem ser classificados como primários ou secundários de um produto, mas excluindo qualquer outra embalagem externa usada no transporte”.
Por exigir que os produtos sejam fabricados, armazenados e manuseados de forma a garantir sua estabilidade, também os cuidados durante o transporte estão incluídos. Sobretudo no que diz respeito a evitar alterações em suas características físico-químicas.
No detalhe, a RDC 48/2013 define que a responsabilidade pela qualidade é de todo o pessoal da empresa, desde a alta gestão até os funcionários operacionais. Isso enfatizando a necessidade de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) abrangente. Ou seja, que inclua estrutura organizacional, procedimentos, processos, recursos e documentação necessários para assegurar a conformidade dos produtos com as especificações de qualidade pretendidas.
Além disso, a RDC 48/2013 destaca a importância de instruções e procedimentos escritos em linguagem clara e objetiva, aplicáveis às atividades realizadas. Dentro disso, funcionários devem ser treinados para executar corretamente os procedimentos, e registros devem ser mantidos durante a produção para demonstrar conformidade com as instruções e especificações.
Qualquer desvio significativo deve ser registrado e investigado.
Quanto ao descumprimento das disposições da RDC 48/2013, ele constitui infração sanitária, sujeitando a empresa às penalidades previstas na legislação vigente.
Necessidade de regularização do transportador junto à Anvisa
Para operar no transporte de cosméticos, perfumes e produtos de higiene, normalmente as transportadoras devem obter, junto à Anvisa, a Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE). Isso porque é comum que essas companhias também transportem saneantes e produtos ou insumos para saúde.
Essa exigência se aplica independentemente do estado dos produtos, sejam eles vencidos ou não.
Em si, a AFE é um requisito legal que assegura que a transportadora cumpre as normas sanitárias estabelecidas pela agência de vigilância sanitária. Ela visa garantir a segurança e a qualidade dos produtos durante sua movimentação.
Além da AFE, é necessário possuir o Alvará Sanitário, emitido pela Vigilância Sanitária local, e o Certificado de Regularidade Técnica (CRT), fornecido pelo conselho profissional competente.
Da mesma forma, empresas que transportam medicamentos precisam de AFE e, caso lidem com substâncias sujeitas a controle especial, devem obter a Autorização Especial (AE).
Documentação obrigatória
Além da AFE e do Alvará Sanitário local emitidos pela Anvisa, outros documentos são obrigatórios para o transporte de cosméticos no Brasil.
É o caso da Nota Fiscal. Ela é obrigatória para cada remessa, garantindo a legalidade e procedência dos produtos.
Adicionalmente, a transportadora deve elaborar e manter um Manual de Boas Práticas de Transporte. Nele, detalhar procedimentos operacionais que assegurem a integridade e qualidade dos produtos cosméticos durante todo o processo logístico.
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7 cuidados essenciais para o transporte de cosméticos
Para garantir a integridade dos cosméticos durante o transporte, é fundamental adotar práticas que preservem suas características e qualidade.
A seguir, apresentamos sete cuidados essenciais. Confira!
1. Controle de temperatura
Mantenha os produtos em ambientes com temperatura controlada, evitando variações que possam comprometer sua estabilidade e eficácia. Para isso, utilize veículos climatizados e, quando cabível, embalagens térmicas adequadas.
2. Proteção contra impactos
Use embalagens resistentes e materiais de amortecimento para proteger os cosméticos de choques e vibrações durante o transporte. Com isso, será possível prevenir danos tanto às embalagens quanto ao conteúdo.
3. Controle de exposição à luz
Proteja os produtos da exposição direta à luz solar ou artificial intensa, que pode degradar componentes sensíveis.
Faça isso armazenando as mercadorias em embalagens opacas, ou utilize coberturas adequadas.
4. Manuseio adequado
Treine sua equipe de logística para o manuseio correto dos produtos.
Esse treinamento deve contemplar os cuidados para evitar quedas. Por exemplo, por empilhamentos inadequados ou qualquer outra ação que possa danificar os cosméticos.
5. Higiene do ambiente de transporte
Assegure que os veículos e locais de armazenamento estejam limpos e livres de contaminantes.
Siga à risca a RDC 48/2013, que enfatiza a importância da sanitização para prevenir contaminações que possam afetar a qualidade dos cosméticos.
6. Rastreabilidade da carga
Implemente sistemas que permitam rastrear os produtos durante todo o trajeto.
Isso vai ser útil para a identificação de lotes, facilitando ações corretivas em caso de incidentes ou desvios.
7. Conformidade regulatória
Certifique-se de que todas as operações de transporte de cosméticos estejam em conformidade com as regulamentações vigentes.
Isso incluindo as normas da Anvisa para transporte — obtenção de autorizações necessárias, conforme estabelecido na RDC 48/2013 e em outras normativas vigentes.
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Como a tecnologia é uma aliada no transporte de cosméticos?
Veja agora quais são os tipos de ferramentas tecnológicas que ajudam na otimização do transporte de cosméticos.
Gestão de rotas e entregas (DMS)
Soluções de DMS são fundamentais para aprimorar a distribuição de cosméticos. Elas oferecem recursos avançados para o planejamento de rotas, considerando fatores como tráfego e restrições de veículos. Isso resulta em entregas mais rápidas e redução de custos operacionais.
Também nesse caso, o monitoramento em tempo real permite ajustes imediatos nas rotas, garantindo a pontualidade das entregas e a satisfação do cliente.
Ademais, essas ferramentas fornecem dados valiosos para análises futuras. Elas munem decisores e analistas de informações contextualizadas para que decidam melhorias contínuas nos processos logísticos.
Sistemas de gestão de transporte (TMS)
Plataformas TMS facilitam o planejamento de rotas, reduzindo custos e garantindo entregas pontuais. Além disso, ajudam no monitoramento em tempo real das cargas. Com isso, asseguram a integridade dos produtos durante o trajeto.
Esses sistemas também auxiliam na gestão de documentos e conformidade regulatória. Eles, bem parametrizados, garantem que todas as operações estejam alinhadas às normas vigentes.
Adicionalmente, a integração de um TMS com outras aplicações logísticas melhora a comunicação entre os envolvidos na cadeia de suprimentos. Isso resulta em melhoria significativa da eficiência operacional.
Sensores de temperatura e umidade
Cada vez mais, a utilização de sensores de temperatura e umidade se mostra indispensável no transporte de cosméticos sensíveis a condições ambientais. Eles, em síntese, são dispositivos que monitoram constantemente o ambiente, garantindo que os produtos sejam mantidos dentro dos parâmetros ideais.
Alertas em tempo real informam sobre qualquer desvio, permitindo ações corretivas imediatas. Isso assegura a qualidade dos cosméticos até a entrega final — prevenção de danos que poderiam comprometer a eficácia ou segurança dos produtos, por exemplo.
Soluções de automação de processos
A automação de processos logísticos, como carregamento e descarregamento, reduz a intervenção humana e minimiza erros. Ela fornece eficiência e consistência nas operações de transporte de cosméticos.
Além disso, bons sistemas automatizados agilizam a rastreabilidade dos produtos, garantem conformidade com as regulamentações e proporcionam maior transparência em toda a cadeia logística.
Conclusão
O transporte de cosméticos exige atenção especial a diversos fatores para assegurar que os produtos cheguem ao consumidor final em perfeitas condições.
Além disso, requer cuidados de conformidade, objetivando não infringir a legislação e, consequentemente, não manchar a reputação do transportador e das marcas que ele movimenta.
É muito importante, portanto, adotar boas práticas logísticas no transporte desse tipo de mercadoria. Isso passa por processos bem estruturados e também pelo uso propositivo e estratégico da tecnologia.
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